quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Superior X Inferior

Tenho aprendido cada vez mais que, a maior ilusão inerente em cada um de nós é a capacidade que temos em dividir absolutamente tudo a nossa volta em “superior” e “inferior”.


Vivemos distante da nossa própria realidade, ora idealizando alguém ou mesmo situações, buscando incessantemente alcançar aquilo que poderíamos chamar aqui de nirvana, ou paraíso, ou condição ideal para que eu me sinta o máximo, realizado, acalmando minha sensação interna de insegurança e inferioridade, o lado oposto desta mesma ilusão.

Realizar-se verdadeiramente é algo imprescindível para a evolução de cada um, embora o conceito de realização aqui seja bastante equivocado.

Buscamos nos realizar dentro daquilo que enxergamos como “o melhor”, o “maior”, “o fodão”, etc. Aquele que esta num nível superior de acordo com nossa visão distorcida de realidade, caso contrario como disse ha pouco, nos lançamos no lado oposto: inferior.

Logo, passamos a nos ver como derrotados, incompreendidos, vitimas do mundo, das situações, etc, e assim, tentamos nos equilibrar entre duas visões completamente distorcidas nesta falsa realidade. Alias falsa realidade já é um termo distorcido. Realidade é realidade, o resto é apenas ilusão criada por cada um de nós.

Porque precisamos ser superior?

Indo um pouco além, o que é ser superior? Melhor que os outros, mais bem sucedido, mais bonito, mais inteligente?

A verdade é apenas um ponto de vista de cada um.

Ser bonito é apenas uma percepção daquilo que “Eu” vejo e percebo como algo bonito, ainda que meu vizinho perceba a mesma coisa como algo feio. Ser mais bem sucedido é apenas o resultado de uma série de situações criadas por alguém com uma capacidade temporária melhor para gerar condições e conduzir seus projetos de maneira mais segura e verdadeira em sua essência. Não que você não tenha tal capacidade, mas talvez ainda tenha certas dificuldades ao desenvolvê-las na sua vida.

Logo, tudo isso que consideramos “superior”, é apenas uma ilusão.

Ao pensar desta maneira, passei a jogar meus ídolos fora, passando apenas a admirar estas pessoas que possuem qualidades que me inspiram e me ajudam a evoluir as minhas próprias qualidades. Da mesma forma, possuo qualidades individuais diferentes das deles, passando igualmente a ser admirado também por eles.

Uma troca. Tudo é uma troca positiva.

Buscar ser “superior” é apenas uma defesa contra o sentimento interno que possuímos em relação a nossa própria inferioridade.

O brigão é sempre inseguro, uma criança assustada. O “fodão” é apenas alguém que se sente só, necessitando da atenção do outro.

Jogar fora esta idéia de “superior” é o primeiro passo para a realidade da nossa alma.

Não existe superior, automaticamente, não existe inferior.

Superior e inferior a que?

Tudo isso são apenas crenças que introjetamos ao longo da nossa existência.

Crenças sociais, familiares, etc.

Não existe o bem e o mal, somos nós que definimos e enxergamos sob uma ótica distorcida e cheia de julgamentos.

Existe apenas o “ser”.

Todos nós, apenas somos. Nem superior, nem inferior. Apenas somos nós.

Quando entendemos isso, o mundo deixa de ser percebido como melhor ou pior, bom ou ruim, superior e inferior. Cada um é um ser único, em evolução.

Uns sabem tocar violão, outros escrever poesia, outros administrar uma empresa, outros escutar seu semelhante, etc.

Alguns avançam emocionalmente ampliando condições para realizar os desejos de sua alma, abrindo caminhos e criando situações onde as finanças passam a fluir em abundancia. Outros, ainda acreditam que dinheiro corrompe, ou é preciso ganhar uma batalha para obtê-lo, etc.

Tudo é apenas uma crença. Um quadro onde você é o artista. Como e o que você vai pintar na tela da sua vida, apenas depende das suas crenças e escolhas.

Somente você pode escolher aquilo que deseja Crer com o espírito. Negar em você, aquilo que te põe numa condição ilusória de inferioridade, ou seja, suas crenças no mal.

Não existe o mal, apenas aquilo que eu mesmo possuo como referencia em mim. Apenas aquilo que eu enxergo de acordo com a minha crença.

Assim, surge uma nova matemática – aquela onde eu sempre ganho.

Nada me derruba.

Adorei escutar isso de uma pessoa bastante sabia.

Não estou falando de ganhar de ninguém – isso é ilusão. Não existe.

O ganhar é perceber tudo como algo bom.

Temos uma forte tendência a acreditar no mal, por exemplo:

Se a chuva acaba por alagar uma avenida, é algo ruim, uma calamidade, etc.

Na matemática do “ganhar”, é apenas um apontamento capaz de fazer o homem refletir sobre suas ações e conseqüências para o meio, capacitando-o a reavaliar e mudar suas ações.

Na matemática do “ganhar”, nem mesmo repetir o ano na escola deixa de ser algo positivo – é apenas uma nova oportunidade para apreender aquilo que não consegui assimilar num prazo de tempo. Uma nova oportunidade. Trabalhar com aquela pessoa com um temperamento difícil pode significar uma oportunidade de poder evoluir qualidades em mim que talvez eu não esteja dando muita atenção, como por exemplo, o controle emocional, a paciência, etc.

Enxergar o outro como se estivesse diante de um espelho, enxergando meu próprio ser, é uma qualidade alcançada.

Não quero significar nada para ninguém, para a sociedade, para o mundo, mas quero sim significar algo para mim mesmo. Desejo o meu melhor, desejo o melhor para mim alcançando patamares elevados na minha própria evolução. Nada disso é ser superior, nem inferior.

Não existe. Nada disso existe. Todas estas crenças são apenas bobagens.

Obviamente, mudá-las não é fácil, porém, jamais impossível. Até mesmo porque você as criou. Esta é a grande surpresa!

Você acreditou naquilo que te disseram, e passou a Crer.

Crer é diferente de acreditar racionalmente.

O Crer é aquela sensação na barriga, no peito, onde se localiza a alma. É aquela sensação onde nada é necessário ser dito ou feito – eu simplesmente Creio.

Racionalizar é começar a deixar as vozes internas que lutarão a todo custo para mantê-lo numa zona de conforto ilusória, a agirem de forma feroz. Sua vida como ela é agora.

É preciso primeiro mudar a crença na alma, no peito, na barriga, sentir no corpo, e automaticamente a mente reagira às novas idéias de forma positiva.

Pinte seu próprio quadro. Reveja suas Crenças na alma. Não pense tanto – aliás, como dizia Alfred Bion “o pensamento é o grande inimigo do homem”.

As pessoas são apenas as pessoas – iguais na essência, diferentes em estágios de evolução, idênticas na alma.

Jogue fora a idéia de “superior” e “inferior”, e seja apenas você, enxergando no outro, apenas o outro.

Mais nada



Até



Realidade X Verdade

O que é a realidade para você?


Tenho a certeza de que uma serie de respostas começam a surgir neste momento em sua mente, por exemplo: o dia a dia no trabalho; as contas no final do mês; a escola do filho; o bate-bola com os amigos; os conflitos conjugais; as encrencas familiares; o transito caótico; a violência urbana, etc...;
Tudo isso está certo, uma vez que temos como conceito de realidade o mundo material a nossa volta, ou seja, tudo aquilo que percebemos e entendemos como real.
E quanto à verdade, como você a definiria? Quem sabe os conceitos e valores próprios introjetados em cada um de nós, ou ainda, nossos ideais, nossos gostos, nossas aptidões, etc...; Creio que cada um de nós possui uma série de conceitos.
Certa vez durante a minha terapia comentei algo sobre um trabalho que estava me incomodando bastante, justificando meu comportamento dizendo: isso não é a minha verdade. Imediatamente meu analista riu, perguntando em seguida:
- E qual é a sua verdade?
Comecei a descrever tudo o que disse há pouco. Mais uma vez ele questionou:
- O que faz você pensar que conhece de fato a sua verdade?
Naquele instante tive meu insight, percebendo que na maioria das vezes aquilo que definimos como verdades podem estar muito distante da “verdade em sí”, e de certa forma, estava eu bem ali no divã me sentindo um idiota, arrogantemente afirmando me conhecer por inteiro, o que não é verdade.
Somos um universo misterioso, muitas vezes incompreendido e inexplorado. Nossas verdades mudam, transmutam de um conceito para outro ao longo de nossa vida, ainda que alguns ideais permaneçam intocáveis, o que pode ser perigoso.
Não estou dizendo que não possuímos nossa verdade – muito pelo contrario; Nossa verdade esta na essência de nossa alma, nosso interior, nosso espírito; O que estou tentando dizer é que arrogantemente nos forçamos a acreditar que somos profundos conhecedores de nós mesmos, quando tudo isso é apenas uma defesa contra a própria insegurança em perceber o quão misterioso somos nós para nós mesmos.
Nos conhecemos de fato? Eu tento, mas não da pra dizer que eu me conheço profundamente, ainda que esteja trilhando e trabalhando pra isso. Surpreendo-me com minhas próprias atitudes diante de situações inusitadas. Surpreendo-me diante das controvérsias que a vida parece me colocar propositadamente. Afirmo coisas como verdade, e depois de um bom tempo, as percebo como algo que já passou.
As coisas mudam. As opiniões mudam, e deve ser assim. Nós evoluímos desta maneira, mudando, apreendendo coisas novas, reciclando nossas “verdades”, nos tornando maleáveis diante da vida, mutáveis, para nossa própria evolução. No entanto, a essência do nosso ser continua única, firme, cada vez mais amadurecida, acrescida de novas idéias, novos valores, porem, construída a partir de bases sólidas e muitas vezes incompreendidas pela razão humana, ainda que a mente tente explicar, mas como dizia um grande psicanalista: O maior inimigo do homem é o seu próprio pensamento”.
Tentamos definir nossa verdade, nossa alma, nosso espírito à partir da razão, quando nem uma coisa nem outra poderá defini-la.
A verdade “é” – mais nada.
A verdade é o seu melhor, não aquela projetada para os outros no mundo externo, mas o seu melhor internamente, nas profundezas da alma.
Projetamos nossas verdades e meias verdades para fora, passando a vivê-las naquilo que denominamos de realidade. A realidade é apenas um reflexo daquilo que nós mesmos criamos como verdade.
E qual é a verdade enfim?
No meu conceito, eu diria que a minha verdade é aquilo que eu creio em mim.
Aquilo que eu creio e sinto lá na barriga num comixão, na maioria das vezes combatido pela voz da razão que já começa a dizer um monte de coisas contrarias.
Eu me lembro quando garoto de assistir a um filme maravilhoso no cinema. Na época, tudo o que via em filme, corria atrás pra ver se existia o livro desse filme. Me lembro de ir toda semana numa livraria especifica perguntando se já havia saído tal livro, e a resposta era sempre a mesma:
- Mas isso não é um filme? Não existe isso em livro.
Bom, o filme saiu de cartaz, e eu, perseverando na minha certeza continuava enchendo o saco do livreiro quase toda semana. Passado uns três meses depois que o filme já havia saído de cartaz, qual foi minha surpresa quando entrei na livraria e lá estava ele – o livro do filme que havia me encantado. Fiquei algum tempo apenas olhando aquele objeto que pra mim, era muito mais que um livro, quando o livreiro que na altura já me conhecia se aproximou perguntando:
- É esse ai o livro não é?
- É sim – Respondi apalpando o livro, embasbacado com a gravura da capa que reproduzia exatamente algumas das cenas incríveis contidas no filme em questão.
Daí a pergunta interessante feita pelo homem da livraria:
- Como você sabia que esse livro ia sair?
- Eu tinha certeza – respondi com um baita sorriso na cara, sem saber o porque havia respondido aquilo.
Na verdade, não sei até hoje, mas sei que são estas certezas anunciadas por um comixão, um apontamento daquilo que eu acredito piamente. Uma verdade.
Não estou dizendo que eu materializei o livro com a minha crença, nada disso, mas de alguma maneira, alguma coisa em mim me dava a certeza de que aquilo existia e ia ser meu. Eu acreditei na minha crença, e deu certo – nem Freud explica, mas quem sabe minha alma sim.
E você, quais são as suas crenças de verdade? Qual é a sua verdade? E qual é a realidade em que você se encontra agora? Da pra mudar?
Não existe realidade, apenas verdade interna criada por você mesmo; O que chamamos de realidade são projeções de infinitas pessoas, cabe a você embarcar nessa ou destacar-se seguindo esse comixão na barriga. Assumir que não nos conhecemos de fato, é o primeiro passo rumo a verdade interior.
Cada um vive aquilo que crê. Analise suas crenças e faça um balanço de cada um destes valores que na maioria das vezes, nos aprisionam e impedem uma serie de fluxos positivos e prósperos na nossa vida.
A pergunta é: o que você realmente acredita?
Não responda com a cabeça, pois na maioria das vezes nos pegamos com idéias bonitas e discurso próspero. Tem que sentir na barriga, no âmago da alma, sentir como verdade. A razão é facilmente desmascarada se você tiver a coragem de insistir e observar com calma, questionando suas próprias idéias e valores. Nos enganamos para nos mantermos numa zona de conforto.
Isso tudo da trabalho – obviamente que sim, mas o resultado é inquestionável.
O primeiro passo é trabalhoso, mas com o tempo e o exercício, começamos de fato a nos conhecer um pouquinho, verdadeiramente a nossa crença em nós mesmos.
Passos de formiga, porem passos verdadeiros projetando a sua volta tudo aquilo que existe de melhor em você e para você – criando uma vida mais simples, menos dramática, mais prazerosa, mais fácil, sem dificuldades....opa! difícil de acreditar?
Analise suas crenças e perceba que você já vive na integra tudo aquilo que você crê, lembrando que nossas crenças não são apenas em coisas boas, mas principalmente nas coisas ruins.
Cada um vive no inferno que pinta.
Acredito que o caminho para saber sobre a minha verdade seja analisar este conjunto de crenças, perceber porque é que boto tanta energia em coisas que não são úteis, não me fazem bem, emperram minha vida, tomando consciência de que nada disso vem da minha alma. Da alma, eu tenho a convicção de que somente coisas boas surgem naquilo que definimos como o nosso poder de criar nossa própria vida. Isto é uma verdade, o poder de criar e mudar a minha vida (não o mundo, nem tão pouco as pessoas). O resto não passa de crenças. Você pode mudá-las. Todos nós podemos.
A verdade não esta lá fora (brincando com a serie arquivo X), mas ai dentro de cada um.
Você acredita em você mesmo vivendo uma vida fácil, prospera e plena?

Abraço de quem ainda luta pra se conhecer um pouquinho mais.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Controlar o que?

Controlar.


Seu significado é bastante claro – “exercer o controle” (Fonte: Aurélio dicionário da língua portuguesa).

Quando penso sobre o termo “controlar”, analisando sua ação direta ou mesmo indireta sobre nossas vidas, me deparo com uma serie de surpresas interessantes e bastante dissociadas, revelando um pouco da magia fantasiosa que criamos ao nosso redor, vivendo então dentro da mais pura e bela... ILUSÂO.
Obviamente não estou referindo-me ao controle real e necessário para que possamos dar andamento aos nossos projetos de vida, assumindo a responsabilidade por nossas decisões e escolhas, ou mesmo ao controle necessário exercido pelos pais durante a educação de seus filhos ainda pequenos, controle este necessário para sua própria sobrevivência.
Claro que é necessário e saudável assumirmos o controle das nossas coisas.
Deste ponto de vista, ter o controle sobre nossas decisões, nossa vida, nossas escolhas, é algo necessário ao desenvolvimento humano.
Porem, não é deste controle que me refiro, e sim, ao desejo de controlar o mundo ao seu redor, numa ilusão vaidosa de que somos os donos da verdade.
Digo ilusão vaidosa justamente por que é isso o que é – pura vaidade.
Sim, todos nós somos vaidosos, e muito. Mas da pra não ser? A resposta é: Não!
A vaidade tem sua utilidade, nos impulsionando para algo melhor, despertando o desejo em estar bonito, ficar bonito, se sentir bem consigo mesmo...epa!!!
Sentir-se bem consigo mesmo. Este é o ponto.
Muitas vezes a vaidade ultrapassa esta realidade, seguindo de mãos dadas com o controle na fantasia.
Esta vaidade e este controle fogem ao desejo de sentir-se bem consigo mesmo, mas apontam para o outro no sentido de tornar-se bom o suficiente aos olhos do outro.
Ser bonito para o outro;
Sentir-se bem para o outro;
Controlar o outro;
Neste ponto, tenho a certeza de que meu analista faria aquelas perguntas que sempre me deixam de cabelo em pé, refletindo ao longo da semana: Porque e para que isso tudo?
Porque e para que queremos que o outro siga nossos conselhos, ou nos ache bonito, inteligente, etc?
É muito comum escutarmos “bons conselhos” disfarçados em palavras dóceis sempre começando com: “eu acho que”; “eu tenho que”; “você deve fazer”; Todas estas palavrinhas carregam uma fantasia. A minha fantasia.
O problema é que de forma controladora, ainda que inconscientemente, tentamos de alguma forma impor a nossa fantasia, a que chamamos de verdade, em relação ao outro.
Aquela vizinha fofoqueira sabe a solução para todos os problemas da vizinhança, ditando receitas que com TODA A CERTEZA arrumaria a vida de todo mundo.
Continuamos a tentar exercer um certo controle, achando, dizendo, aconselhando, afirmando nossas verdades, sem notar sequer que verdade é apenas um ponto de vista individual.
Uma estrela dentre milhares.
A nossa verdade é somente nossa.
Daí fazê-la uma verdade única para todo resto do mundo a nossa volta é algo frustrante que resulta numa única realidade – nossa impotência diante da vida.
Sim, impotência.
Tentamos controlar tudo a nossa volta de uma maneira fantasiosa como defesa para um grande medo. Medo de justamente percebermos que apenas exercemos o controle sobre nós mesmos. E às vezes, nem isso.
Os filhos vão crescer e partir do ninho;
A nora não vai ser aquela que você queria;
A vida vai sempre surgir com algo novo e surpreendente cabendo a você a capacidade de enxergar algo bom ou ruim;
Nem todos vão concordar com a sua opinião;
Nem todo mundo vai achar você inteligente, bonito, legal, etc;
Nem tudo vai sair como você imaginava...
Ainda assim, tudo vai dar certo. Certo como deve ser.
Dói pensar assim?
Perceber que não temos este controle fantasioso pode assustar.
Dá uma certa agonia nos depararmos com a idéia de que a nossa tão e certa verdade, não se aplica aos outros, e que o termo “certo” ou “errado”, neste contexto também passa a ser um simples ponto de vista.
A dura realidade é percebermos que somos apenas uma estrelinha dentre milhares. Contrario daquilo que às vezes tentamos ser...A maior.
Porque e para que queremos ser a maior?
Freud denominou de ideal do ego, aquilo que os outros querem que eu seja; e ego ideal aquilo que eu gostaria de ser;
Um conflito permanente onde, ora flutuamos mais para um lado, ora para outro.
Em algum momento, realizamos ações visando agradar o outro, ainda que inconscientemente, pretendendo obter algum reconhecimento, enquanto num outro momento, realizamos aquilo que representa nosso desejo, aquilo que eu gostaria de ser.
Mas qual é o nosso desejo verdadeiro? Qual é a nossa verdade?
Seria pretensioso demais responder a esta pergunta. Na minha opinião, somos uma mescla de tudo isso.
Somos o desejo do outro, acrescido do nosso, e ponto final.
Logo, obedecemos ao controle do outro, ao mesmo tempo em que desejamos controlá-lo também.
Viver a nossa verdade não é tarefa simples, uma vez que não sabemos ao certo onde começa a nossa verdade e termina a verdade do outro.
Mas é possível sim vivermos a nossa verdade interior – basta nos conscientizarmos desta mescla de conceitos e informações, desejos e sonhos, podendo enfim tomar a posse de si mesmo, revendo antigos conceitos e idéias, fazendo novas escolhas, mantendo aquilo que lhe é necessário e útil, enfim, assumir o único controle real e possível: o controle sobre você. O resto é pura ilusão.
Tomar posse de si mesmo é muito diferente de querer controlar o outro. Muito pelo contrario, é perceber-se único, porem, uma estrela dentre muitas. E cada uma destas ao seu redor, possui a sua verdade única.
Infelizmente, agir assim não é tão fácil. Meu analista que o diga. Tem uma frase que ele sempre usa comigo que diz:
Não interessa se você vai continuar agindo dessa maneira. O importante é você saber o porque e para que você age assim.
Entendo esta busca no desejo de cada vez mais me conhecer verdadeiramente, assumindo a posse daquilo que acontece na minha vida, e principalmente no meu mundo interno.
Como disse, não é fácil...Queremos algo a mais.
Queremos o controle de tudo para que possamos garantir que tudo se realizara da forma como idealizamos.
Frustração e grande perda de tempo.
Se meu filho vai seguir todos os meus ensinamentos, e de quebra ainda ser aquele cirurgião famoso (que eu queria ser), eu não sei.
Não sei nem mesmo se os valores dele serão iguais aos meus, ou sequer se a minha verdade refletira em algo proveitoso para ele. Este desejo é apenas um desejo, que pode ate se tornar real, mas continua sendo um desejo meu, e eu não tenho o menor controle para dizer que vai dar certo...ou errado.
Quem sabe meu filho cresça e mude de País, torne-se musico, opte por uma relação homossexual...Quem sabe?
Ainda assim, não terei o controle sobre isso.
Posso até não concordar, desde de que perceba que não concordar é somente o meu ponto de vista.
Repito: O meu ponto de vista. Mais nada. O meu...
Daí, esta vaidade que nos coloca num palco com um foco de luz dirigido para nosso ego vaidoso, e este desejo de controlar as coisas a nossa volta, apenas tornam-se correntes gigantes que nos impedem de vivermos em paz, na nossa verdade consciente, compartilhando de experiências boas com nossos companheiros(as) trocando experiências, ajudando, auxiliando, escutando e respeitando a verdade alheia, assim como gostaríamos que respeitassem a nossa.
Controlar na fantasia da um grande trabalho. Gasta tempo e energia, frustra, dói...
Tudo isso para no fim percebermos que a única coisa que controlamos é...
O que mesmo?

Um abraço de quem ainda tenta controlar de forma fantasiosa um monte de coisas...!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Autoconfiança

É muito interessante quando paramos para meditar sobre esta palavra cujo significado é “confiar em si mesmo”.
Ontem durante meu trabalho, coloquei em pratica este grande exercício, buscando inicialmente limpar a mente de qualquer conceito pré-estabelecido, ou seja, parando de tentar definir seu significado, e deixando fluir naturalmente tudo aquilo que consciente ou inconsciente, se relaciona com este poderoso termo, autoconfiança.
Depois de um bom tempo em silêncio, sem deixar qualquer outra frase ou palavra adentrar meus pensamentos, visualizando diante de mim somente a palavra “autoconfiança” como se fosse um outdoor de néon iluminado, e repetindo-a em silêncio por diversas vezes, comecei a perceber alguns conceitos brotando aleatoriamente em minha mente.
Finalmente estava conectado comigo, ou melhor, estava de fato meditando sobre este poderoso termo, entregue totalmente ao pensamento aleatório que surgia complementando o significado da palavra.
Todo este interesse em buscar o significado ou significante interno, bem como o exercício descrito acima, surgiu como parte do estudo e pesquisa que tenho buscado me aprofundar cada vez mais, cujo foco principal é a psicossomática, a causa emocional por trás das doenças, a simbologia do sintoma como resultado dos processos psíquicos, analisando assim as possibilidades de se alcançar uma mudança física a partir da modificação de certos padrões mentais.
Tenho lançado um olhar especial para a analise de certos padrões mentais, diretamente ou indiretamente conectados com a realização material, ou seja, aquilo que chamamos de sucesso ou prosperidade. Por isso a importância do termo “autoconfiança”, palavra chave para se obter impulso em nossas realizações.
Porém, fica aqui uma questão:
O quanto botamos fé em nosso taco, DE VERDADE?
Muita gente diria sem pensar muito: claro que eu boto fé no meu taco; se eu não acreditar em mim mesmo, quem acreditará? Etc...
A questão é que muitas vezes, buscamos nos convencer de algo diante de um espelho, quando uma outra verdade permanece enraizada em nosso inconsciente.
Logo, surge o conflito. Aquela voz conhecida por “ameba”, surgindo em sua mente e dizendo: “não é bem assim”; “será mesmo que eu sou capaz?” “Não sei não...”.
Conflito entre aquilo que se busca conscientemente, versus assentamentos inconscientes que de forma direta, criam a nossa realidade de fato.
Não tenho duvidas de que nosso sucesso material está fundamentalmente associado ao trabalho psíquico que desenvolvemos neste sentido, bem como nossa saúde física. Tudo se conecta neste ponto – mente saudável, corpo saudável.
Daí a importância de examinarmos tais conceitos pré-estabelecidos conscientes ou inconscientes que, durante toda uma existência são fixados ou assentados nas profundezas da mente, tornando-se verdades para cada um de nós, buscando entender o funcionamento destes processos que acabam por criar situações e condições reais em nossas vidas.
Verdades, conceitos e crenças, muitas vezes introjetadas ao longo de uma existência familiar, herança filo-genética de idéias absorvidas ao longo de gerações e gerações, permanecendo enraizadas nas profundezas do aparelho psíquico, tornando-se fontes verdadeiras para a condição da existência de cada um de nós.
Meu analista costuma dizer: “Cada um vive no inferno que pinta”.
Cada um vive na sua verdade.
O problema é que na maioria das vezes, estas “verdades” ou melhor, estes conceitos pré-estabelecidos estão enterrados ou até mesmo ocultos nas profundezas da mente inconsciente, tornando-se verdadeiras ameaças fantasmas.
Logo, a luta que travamos entre, o ser diante do espelho, versus, o verdadeiro ser interno, será longa e dura, podendo resultar num final nem sempre feliz.
Ainda que tenhamos algumas opiniões bastante formadas sobre um determinado assunto, percebo em algumas situações que, nossa verdade interna é completamente diferente da externa, ainda que tentemos nos enganar dizendo o contrário.
Assim, alguns pontos específicos em nossa vida permanecem num verdadeiro impasse, criando situações dificultosas onde minha verdade interna, forte e firme, acaba por anular minha verdade externa.
É preciso trazer a tona determinado assentamento nos revelando nossa verdadeira crença interna sobre algo especifico, permitindo então que possamos rever tais idéias e conceitos de acordo com nossa verdade atual, possibilitando assim uma mudança interna cujo objetivo é o de gerar novos e atuais padrões mentais, ou seja, novos assentamentos que nos permitem um novo olhar diante da vida.
Parece complicado, mas fica fácil se entendermos como uma espécie de faxina no armário de casa. Vamos descobrir que algumas coisas não servem mais, ainda que úteis no passado, outras ainda são boas, algumas envelheceram e saíram de moda, outras permanecem escondidas no fundo da gaveta impregnando tudo com aquele cheiro horrível de naftalina.
O importante é encontrar e reconhecer aquilo que de certa forma está impregnando nossas vidas com idéias controversas aquelas que temos na atualidade.
Fazer esta faxina é algo fácil? Infelizmente não, mas a boa nova é que é possível.
Mudanças de conceitos e padrões tornam-se novas verdades a partir do contato direto com velhas idéias.
Eu somente posso eliminar ou mudar, aquilo que vejo e sinto de forma clara.
Tornar consciente aquilo que se esconde no inconsciente.
Outra boa noticia é que muitas vezes, estes conceitos estão muito próximos de nós, bastando um pouco mais de atenção e um exame atencioso em seu próprio interior.
Tenho observado inúmeras controvérsias perigosas, como por exemplo, a questão da autoconfiança, que na minha opinião, representa a chave para nossos sucessos e felicidades.
Todos nós nos sentimos autoconfiantes em algum momento, mas de repente, surge aquela depressão momentânea causada por uma decepção, etc, nos lançando para o fundo do poço.
Mergulhando neste universo, pude entrar em contato com pessoas que, embora afirmassem serem autoconfiantes, pareciam apresentar um histórico inconsciente totalmente contrario a este pensamento consciente.
Enquanto na consciência buscavam crer na autoconfiança, inconscientemente por algum motivo, acreditavam no contrario.
Vou exemplificar com um caso verídico, onde certa pessoa bastante contrariada tinha por queixa a seguinte fala:
- Trabalho pra caramba e não ganho dinheiro.
Passado um bom tempo escutando sua queixa, resolvi perguntar:
- Qual é o seu conceito sobre o dinheiro?
Ele ficou um tempo pensando e disse:
- Sei lá...dinheiro é uma coisa que corrompe os outros, mas é um mal necessário.
Depois de uma longa pausa, soltou um velho ditado bastante comum:
 - Dinheiro não dá em arvore. Precisamos lutar muito pra ganhá-lo.
Embora possam existir inúmeros outros fatores que impossibilitavam meu cliente de realizar seu desejo financeiro, seus assentamentos conscientes pareciam claros, obedecendo a idéias enraizadas na mente inconsciente que, definida então em alguma época por ele mesmo ou por outros, tornaram-se a sua verdade, projetando assim para o mundo externo seu mundo interno.
Neste ponto, torno a citar meu analista: cada um vive no inferno que pinta.
A verdade externa é somente um reflexo de nosso mundo interno, seja ele o céu ou o inferno.
Voltando ao exemplo deste cliente, embora seu desejo fosse ganhar dinheiro, internamente seus assentamentos diziam o contrario:
“Dinheiro é um mal”, (ainda que necessário); “é duro ganhar dinheiro” (não dá em arvore); “a vida é uma batalha”.
É preciso entender que todos estes assentamentos internos são comandos ou ordens que um dia demos ao nosso aparelho psíquico, firmando-os como verdades absolutas numa época onde tais conceitos nos seriam de alguma forma úteis, enraizados em nosso inconsciente, garantindo assim sua proteção tal qual um documento muito bem guardado num cofre seguro e inatingível.
Logo, tais comandos continuam a valer até que possamos acessar sua raiz, trazendo-os ao nível consciente e assim, fazendo aquela longa faxina, possamos estabelecer novas regras e comandos, trabalhando arduamente até que se formem novos assentamentos de acordo com nosso momento atual.
Como nossas ordens são entendidas por nossa mente como algo a nosso favor, algo bom e protetor, voltando mais uma vez ao exemplo que citei, podemos perceber a grande controvérsia entre as idéias internas e externas apresentadas pela pessoa em questão, revelando assim sua verdadeira crença: Quero ganhar dinheiro, no entanto, dinheiro é algo perigoso, pois poderá corromper; a vida será difícil como uma batalha e não conseguirei facilmente ganhar este mal necessário;
Este é o seu real discurso interno, que uma vez percebido pelo aparelho psíquico como algo positivo, protetor e bom, trabalha para que sua realidade externa torne-se compatível com o comando interno.
Lembre-se, foi você mesmo quem um dia absorveu tais conceitos, tomando-os por verdade. Assim, sua mente inconsciente está ajudando-o a realizar seu desejo.
Cada um vive no inferno ou no céu que pinta interiormente.
Quem diante de uma grande decepção amorosa não disse no momento de raiva:
“Eu nunca mais vou amar; confiar; desejar; etc”.
Quem nunca escutou um velho parente dizendo os mesmos conceitos descritos pela pessoa do exemplo citado aqui: Eu não sou tão bom assim; Não sei se sou capaz...; Se mereço...;
Sucesso demais dá para desconfiar; A vida é uma batalha; Dinheiro não dá em árvore; entre outros...
Tudo isso pode ser introjetado como algo real, ainda que o tempo nos faça discordar deles.
Complicado? Nem tanto.
Nada que uma boa faxina interna não resolva, limpando tais assentamentos que muitas vezes, nem mesmo são seus, mas apenas crenças que um dia te fizeram engolir na marra, causando toda esta indigestão psíquica.
Autoconfiança pode indicar a força e capacidade de analisar aquilo que de fato eu acredito, eliminando aquilo que eu não aceito mais como verdade, dando assim novos comandos a minha mente.
Autoconfiança é crer que, se faço parte de uma força abundante que rege este universo, logo eu possuo a capacidade de reger meu próprio universo interno, estabelecendo minhas metas como verdades, e buscando em minhas entranhas aquilo que necessita ser reavaliado.
Autoconfiança é ter fé no meu poder, ainda que tudo a minha volta esteja de ponta cabeça devido a situações criadas por mim, com este mesmo poder.
Logo, se eu o criei, eu posso seguramente desfazê-lo internamente.
Todo este processo de reavaliação pode parecer impossível, mas garanto que não é. Exige esforço e uma boa pitada de disciplina, muito comparado aos exercícios que fazemos em uma academia em busca de resultados físicos satisfatórios.
As coisas não mudam da noite para o dia, por isso, comece agora sua faxina interna vasculhando este porão cheio de conceitos e idéias que já não servem mais, redefinindo seu olhar diante do mundo, interno e externo.
Poderia ficar escrevendo um monte de coisas que surgiram durante minha meditação sobre o termo autoconfiança, mas acho que não é necessário.
Cada um é um, cada um sente e enxerga as mesmas coisas de modo diferente.
A fé que dizemos sentir em nós mesmos é diferente para cada um.
Acho que a única coisa de fato que nos torna semelhantes neste sentido, é o espelho diante de nós, onde olhamos a cada dia para nosso reflexo, sem olharmos de fato para aquilo que realmente somos.
Uma boa faxina interna exige autoconfiança, mas no final, vale a pena.
Vamos em frente que atrás vem gente, com muita fé.

Abraço