É muito interessante quando paramos para meditar sobre esta palavra cujo significado é “confiar em si mesmo”.
Ontem durante meu trabalho, coloquei em pratica este grande exercício, buscando inicialmente limpar a mente de qualquer conceito pré-estabelecido, ou seja, parando de tentar definir seu significado, e deixando fluir naturalmente tudo aquilo que consciente ou inconsciente, se relaciona com este poderoso termo, autoconfiança.
Depois de um bom tempo em silêncio, sem deixar qualquer outra frase ou palavra adentrar meus pensamentos, visualizando diante de mim somente a palavra “autoconfiança” como se fosse um outdoor de néon iluminado, e repetindo-a em silêncio por diversas vezes, comecei a perceber alguns conceitos brotando aleatoriamente em minha mente.
Finalmente estava conectado comigo, ou melhor, estava de fato meditando sobre este poderoso termo, entregue totalmente ao pensamento aleatório que surgia complementando o significado da palavra.
Todo este interesse em buscar o significado ou significante interno, bem como o exercício descrito acima, surgiu como parte do estudo e pesquisa que tenho buscado me aprofundar cada vez mais, cujo foco principal é a psicossomática, a causa emocional por trás das doenças, a simbologia do sintoma como resultado dos processos psíquicos, analisando assim as possibilidades de se alcançar uma mudança física a partir da modificação de certos padrões mentais.
Tenho lançado um olhar especial para a analise de certos padrões mentais, diretamente ou indiretamente conectados com a realização material, ou seja, aquilo que chamamos de sucesso ou prosperidade. Por isso a importância do termo “autoconfiança”, palavra chave para se obter impulso em nossas realizações.
Porém, fica aqui uma questão:
O quanto botamos fé em nosso taco, DE VERDADE?
Muita gente diria sem pensar muito: claro que eu boto fé no meu taco; se eu não acreditar em mim mesmo, quem acreditará? Etc...
A questão é que muitas vezes, buscamos nos convencer de algo diante de um espelho, quando uma outra verdade permanece enraizada em nosso inconsciente.
Logo, surge o conflito. Aquela voz conhecida por “ameba”, surgindo em sua mente e dizendo: “não é bem assim”; “será mesmo que eu sou capaz?” “Não sei não...”.
Conflito entre aquilo que se busca conscientemente, versus assentamentos inconscientes que de forma direta, criam a nossa realidade de fato.
Não tenho duvidas de que nosso sucesso material está fundamentalmente associado ao trabalho psíquico que desenvolvemos neste sentido, bem como nossa saúde física. Tudo se conecta neste ponto – mente saudável, corpo saudável.
Daí a importância de examinarmos tais conceitos pré-estabelecidos conscientes ou inconscientes que, durante toda uma existência são fixados ou assentados nas profundezas da mente, tornando-se verdades para cada um de nós, buscando entender o funcionamento destes processos que acabam por criar situações e condições reais em nossas vidas.
Verdades, conceitos e crenças, muitas vezes introjetadas ao longo de uma existência familiar, herança filo-genética de idéias absorvidas ao longo de gerações e gerações, permanecendo enraizadas nas profundezas do aparelho psíquico, tornando-se fontes verdadeiras para a condição da existência de cada um de nós.
Meu analista costuma dizer: “Cada um vive no inferno que pinta”.
Cada um vive na sua verdade.
O problema é que na maioria das vezes, estas “verdades” ou melhor, estes conceitos pré-estabelecidos estão enterrados ou até mesmo ocultos nas profundezas da mente inconsciente, tornando-se verdadeiras ameaças fantasmas.
Logo, a luta que travamos entre, o ser diante do espelho, versus, o verdadeiro ser interno, será longa e dura, podendo resultar num final nem sempre feliz.
Ainda que tenhamos algumas opiniões bastante formadas sobre um determinado assunto, percebo em algumas situações que, nossa verdade interna é completamente diferente da externa, ainda que tentemos nos enganar dizendo o contrário.
Assim, alguns pontos específicos em nossa vida permanecem num verdadeiro impasse, criando situações dificultosas onde minha verdade interna, forte e firme, acaba por anular minha verdade externa.
É preciso trazer a tona determinado assentamento nos revelando nossa verdadeira crença interna sobre algo especifico, permitindo então que possamos rever tais idéias e conceitos de acordo com nossa verdade atual, possibilitando assim uma mudança interna cujo objetivo é o de gerar novos e atuais padrões mentais, ou seja, novos assentamentos que nos permitem um novo olhar diante da vida.
Parece complicado, mas fica fácil se entendermos como uma espécie de faxina no armário de casa. Vamos descobrir que algumas coisas não servem mais, ainda que úteis no passado, outras ainda são boas, algumas envelheceram e saíram de moda, outras permanecem escondidas no fundo da gaveta impregnando tudo com aquele cheiro horrível de naftalina.
O importante é encontrar e reconhecer aquilo que de certa forma está impregnando nossas vidas com idéias controversas aquelas que temos na atualidade.
Fazer esta faxina é algo fácil? Infelizmente não, mas a boa nova é que é possível.
Mudanças de conceitos e padrões tornam-se novas verdades a partir do contato direto com velhas idéias.
Eu somente posso eliminar ou mudar, aquilo que vejo e sinto de forma clara.
Tornar consciente aquilo que se esconde no inconsciente.
Outra boa noticia é que muitas vezes, estes conceitos estão muito próximos de nós, bastando um pouco mais de atenção e um exame atencioso em seu próprio interior.
Tenho observado inúmeras controvérsias perigosas, como por exemplo, a questão da autoconfiança, que na minha opinião, representa a chave para nossos sucessos e felicidades.
Todos nós nos sentimos autoconfiantes em algum momento, mas de repente, surge aquela depressão momentânea causada por uma decepção, etc, nos lançando para o fundo do poço.
Mergulhando neste universo, pude entrar em contato com pessoas que, embora afirmassem serem autoconfiantes, pareciam apresentar um histórico inconsciente totalmente contrario a este pensamento consciente.
Enquanto na consciência buscavam crer na autoconfiança, inconscientemente por algum motivo, acreditavam no contrario.
Vou exemplificar com um caso verídico, onde certa pessoa bastante contrariada tinha por queixa a seguinte fala:
- Trabalho pra caramba e não ganho dinheiro.
Passado um bom tempo escutando sua queixa, resolvi perguntar:
- Qual é o seu conceito sobre o dinheiro?
Ele ficou um tempo pensando e disse:
- Sei lá...dinheiro é uma coisa que corrompe os outros, mas é um mal necessário.
Depois de uma longa pausa, soltou um velho ditado bastante comum:
- Dinheiro não dá em arvore. Precisamos lutar muito pra ganhá-lo.
Embora possam existir inúmeros outros fatores que impossibilitavam meu cliente de realizar seu desejo financeiro, seus assentamentos conscientes pareciam claros, obedecendo a idéias enraizadas na mente inconsciente que, definida então em alguma época por ele mesmo ou por outros, tornaram-se a sua verdade, projetando assim para o mundo externo seu mundo interno.
Neste ponto, torno a citar meu analista: cada um vive no inferno que pinta.
A verdade externa é somente um reflexo de nosso mundo interno, seja ele o céu ou o inferno.
Voltando ao exemplo deste cliente, embora seu desejo fosse ganhar dinheiro, internamente seus assentamentos diziam o contrario:
“Dinheiro é um mal”, (ainda que necessário); “é duro ganhar dinheiro” (não dá em arvore); “a vida é uma batalha”.
É preciso entender que todos estes assentamentos internos são comandos ou ordens que um dia demos ao nosso aparelho psíquico, firmando-os como verdades absolutas numa época onde tais conceitos nos seriam de alguma forma úteis, enraizados em nosso inconsciente, garantindo assim sua proteção tal qual um documento muito bem guardado num cofre seguro e inatingível.
Logo, tais comandos continuam a valer até que possamos acessar sua raiz, trazendo-os ao nível consciente e assim, fazendo aquela longa faxina, possamos estabelecer novas regras e comandos, trabalhando arduamente até que se formem novos assentamentos de acordo com nosso momento atual.
Como nossas ordens são entendidas por nossa mente como algo a nosso favor, algo bom e protetor, voltando mais uma vez ao exemplo que citei, podemos perceber a grande controvérsia entre as idéias internas e externas apresentadas pela pessoa em questão, revelando assim sua verdadeira crença: Quero ganhar dinheiro, no entanto, dinheiro é algo perigoso, pois poderá corromper; a vida será difícil como uma batalha e não conseguirei facilmente ganhar este mal necessário;
Este é o seu real discurso interno, que uma vez percebido pelo aparelho psíquico como algo positivo, protetor e bom, trabalha para que sua realidade externa torne-se compatível com o comando interno.
Lembre-se, foi você mesmo quem um dia absorveu tais conceitos, tomando-os por verdade. Assim, sua mente inconsciente está ajudando-o a realizar seu desejo.
Cada um vive no inferno ou no céu que pinta interiormente.
Quem diante de uma grande decepção amorosa não disse no momento de raiva:
“Eu nunca mais vou amar; confiar; desejar; etc”.
Quem nunca escutou um velho parente dizendo os mesmos conceitos descritos pela pessoa do exemplo citado aqui: Eu não sou tão bom assim; Não sei se sou capaz...; Se mereço...;
Sucesso demais dá para desconfiar; A vida é uma batalha; Dinheiro não dá em árvore; entre outros...
Tudo isso pode ser introjetado como algo real, ainda que o tempo nos faça discordar deles.
Complicado? Nem tanto.
Nada que uma boa faxina interna não resolva, limpando tais assentamentos que muitas vezes, nem mesmo são seus, mas apenas crenças que um dia te fizeram engolir na marra, causando toda esta indigestão psíquica.
Autoconfiança pode indicar a força e capacidade de analisar aquilo que de fato eu acredito, eliminando aquilo que eu não aceito mais como verdade, dando assim novos comandos a minha mente.
Autoconfiança é crer que, se faço parte de uma força abundante que rege este universo, logo eu possuo a capacidade de reger meu próprio universo interno, estabelecendo minhas metas como verdades, e buscando em minhas entranhas aquilo que necessita ser reavaliado.
Autoconfiança é ter fé no meu poder, ainda que tudo a minha volta esteja de ponta cabeça devido a situações criadas por mim, com este mesmo poder.
Logo, se eu o criei, eu posso seguramente desfazê-lo internamente.
Todo este processo de reavaliação pode parecer impossível, mas garanto que não é. Exige esforço e uma boa pitada de disciplina, muito comparado aos exercícios que fazemos em uma academia em busca de resultados físicos satisfatórios.
Todo este processo de reavaliação pode parecer impossível, mas garanto que não é. Exige esforço e uma boa pitada de disciplina, muito comparado aos exercícios que fazemos em uma academia em busca de resultados físicos satisfatórios.
As coisas não mudam da noite para o dia, por isso, comece agora sua faxina interna vasculhando este porão cheio de conceitos e idéias que já não servem mais, redefinindo seu olhar diante do mundo, interno e externo.
Poderia ficar escrevendo um monte de coisas que surgiram durante minha meditação sobre o termo autoconfiança, mas acho que não é necessário.
Cada um é um, cada um sente e enxerga as mesmas coisas de modo diferente.
A fé que dizemos sentir em nós mesmos é diferente para cada um.
Acho que a única coisa de fato que nos torna semelhantes neste sentido, é o espelho diante de nós, onde olhamos a cada dia para nosso reflexo, sem olharmos de fato para aquilo que realmente somos.
Uma boa faxina interna exige autoconfiança, mas no final, vale a pena.
Vamos em frente que atrás vem gente, com muita fé.
Abraço
Gostei do texto. Apenas acho que essa questão de autoconfiança é muito ampla. Os sentimentos são muito diversos e nem sempre conseguimos enxergar através de lentes corretas. Muitas vezes damos voltas antes de conseguirmos acreditar em nosso taco. O ser humano é muito frágil. E talvez esteja aí a sua maior beleza.
ResponderExcluirGrande abraço,
Ricardo Filho